Juremir Machado da Silva

Malas, malas sem alça e baús

A humanidade é curiosa.
Bizarra.
Esdrúxula.
Os seres humanos dividem-se em muitas categorias.
Quatro delas me chamam a atenção: os que assobiam pela manhã, os que torcem por times europeus, mesmo sendo brasileiros, os que só entram no ônibus com o pé esquerdo e os entortadores de nomes.
Esses são os piores.
Eu os classifico em três subcategorias: malas, malas sem alça e baús.
Meu nome atrai os entortadores.
Sempre que alguém me chama de Jura, eu o classifico imediatamente como mala.
Os que me chamam de Ju são malas sem alça.
Podem ser do bem.
São os malinhas sem alça.
Os que me chamam de Jurema são baús.
Não tem erro.
Só malas fazem isso.
Muitas vezes fazem por simpatia.
Por falta do que dizer.
Para elogiar.
Sim, os malas elogiam entortando nomes.
Quando um mala me chama de Jurema, o que acontece volta e meia, eu marco na "paleta".
Não para qualquer vingança ou resposta desagradável.
Nem respondo.
Marco apenas para saber com quem estou lidando.
Malas pesam na vida da gente.
Nada faz um mala mais feliz do que saber que alguém não gosta de ter seu nome entortado.
Eu não dou a menor importância.
Mas constato que só malas, malas sem alça e baús fazem isso.
Jamais vi uma pessoa não-mala agir assim.
Nunca um não-mala me chamou de Jurema, de Jura ou de Ju.
Nada tenho contra os malas.
Apenas não os levaria para uma ilha deserta comigo.
Nem os convidaria para jantar.
Se depender de mim, estariam todos num depósito de bagagens.
Continuem me chamando de Jura, Ju, Juju e Jurema.
Eu continuarei a pensar: eis um mala, um mala sem alça, um baú.
Ju e Juju são coisas normalmente de malinha fêmea.
Jura e Jurema são coisas de malão macho.
O problema desse tipo de mala é que elas jamais se extraviam.
Tampouco perdem a etiqueta.
Postado por Juremir Machado da Silva - 16/11/2010 19:19 - Atualizado em 17/11/2010 09:48

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